quarta-feira, 28 de novembro de 2012

ELEIÇÕES 2012



ELEIÇÕES 2012

Não é preciso ser um grande gênio para saber quem foi o grande vencedor em 2012 em Paulo Afonso. A resposta óbvia é Luis de Deus. Garantiu a reeleição de Anilton, botou maioria absoluta na Câmara de vereadores (desmoralizando a oposição com esta maioria), e de quebra ganhou um mandato de deputado federal e terá um importante aliado na prefeitura de Salvador. Os grandes perdedores foram Mário Negromonte e Raimundo Caires. Mário foi tão desastrado que até um importante aliado histórico dele na cidade rompeu com ele e deu apoio a Anilton. Em nosso artigo chamado “A avalanche” anunciamos que o então ministro Mário  Negromonte tinha intenções de articular uma supercampanha para levar seu filho e herdeiro político para a prefeitura de Paulo Afonso. De lá para cá ele deixou de ser ministro. Que pena. Só deu para garantir a prefeitura de Nova Glória. No artigo em questão eu o chamei de vice-rei da Bahia, tal o seu poder e influência no nosso Estado na época, agora ele é Visconde de Nova Glória. Nem investimento para garantir uma boa bancada de vereadores em Paulo Afonso ele fez. Daqui a quatro anos quando quiser investir em seu filho para prefeito encontrará provavelmente uma situação muito dificil.
A atuação de Luis de Deus na Câmara Federal é previsível: ele pertencerá ao “baixo clero”  do Congresso, aquela imensa parcela de deputados pouco influentes na casa. Mas a ida dele ao Congresso acontece em consonância com a vitória de ACM neto em Salvador. Seu amiigo Aleluia provavelmente terá influência e cargo na prefeitura, podemos facilmente prever que entre estes três (Luis, Aleluia e ACM neto) poderá ser formada uma “troika” de reconstrução do DEM na Bahia.
 Outro grande derrotado foi o governador Wagner. Subestimou o impacto negativo da greve dos professores e com isso provocou a volta dos carlistas à prefeitura de Salvador. A votação dada a ACM neto foi claramente uma consequência do desgaste político do governador. O governo Wagner só vem acumulando contradições com o funcionalismo público e é muito provável que nos próximos dois anos tenhamos mais greves.Ou Wagner muda o rumo do seu governo ou estes três últimos anos do seu mandato (2012, 2013, 2014, sendo que o primeiro já está no fim) serão de caos completo. Quem vai sofrer com isso é o povo e possivelmente em 2014 dará outro troco eleitoral.
A derrota de Nelson Pelegrino deve ser creditada à “mala sem alça” do governador Wagner que ele insistiu em carregar. O julgamento do “Mensalão” nada teve com este resultado. Pois todos viram a vitória de Hadad em São Paulo. A mídia mais simpática ao PSDB tentou acoplar os candidatos do PT ao julgamento. Não deu certo. Para o povo o problema da corrupção não é de um partido só, mas de pessoas que estão nos diversos partidos. Nem Hadad ou Pelegrino tiveram seus nomes citados no processo do Mensalão. A vitória de um e a derrota do outro foram causadas por outras questões específicas locais.
A mídia não comentou, mas a derrota de Serra pode ser creditada ao impacto do livro “A privataria tucana”, onde o nome dele é denunciado de forma escancarada como chefe de um esquema criminoso que ganhou muito dinheiro com as privatizações do governo FHC. A derrota de Serra logo em seguida ao sucesso das vendas do livro não pode ser vista como mera “coincidência”.
O PSOL passou por um teste eleitoral importante. Disputou seriamente três capitais (Rio de Janeiro, Belém do Pará e Macapá), disputou as duas últimas no segundo turno e ganhou Macapá. Mesmo onde foi derrotado reafirmou duas importantes lideranças de massa: Marcelo Freixo no Rio e Edimilson Rodrigues em Belém. Mas a melhor notícia fica por conta da eleição do meu velho amigo dos tempos do movimento estudantil dos anos 80: Hilton Coelho foi o segundo vereador mais votado na cidade de Salvador. Na Bahia surge uma importante liderança de esquerda.
Em artigo publicado em meu blog (aristoteleslima.blogspot.com) já expliquei como foi meu voto nestas eleições em Paulo Afonso. No artigo “A lucidez de Saramago” (até agora o mais lido da história do blog) defendi claramente o voto em branco nas eleições 2012 em nossa cidade. Vamos torcer para que em 2016 a mediocridade típica dos candidatos a prefeito e as alianças tolas dos candidatos a vereador sejam superadas e eu possa votar em alguém.
Até a próxima.
Aristóteles Lima Santana, 12/11/2012

3 comentários:

Emerson Sousa disse...

Realmente, o PSOL mostrou alguns dentes nesta eleição. Mas eu desconfio da capacidade de o partido se tornar uma referência real e coerente para a esquerda. Ainda continuo apostando no PSTU. Muito embora, também reconheça que os troscos também são complicados, às vezes até mais (veja o caso de Belém).

Portal do Sertão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Portal do Sertão disse...

Existem ainda outras questões, que se jutam a estas, da derrota de Pelegrino.

Ou ele claramente não entendeu que os tempos mudaram, ou desconhece profundamente a cidade em que nasceu. Não é preciso ser muito experiente em política soteropolitana, para observar que o eleitorado da capital baiana é preferencialmente: tradicional.

Observem que Pelegrino chegou muito próximo à Neto no resultado do primeiro turno, e uma semana edepois, haviam pesquisas que o colocavam à frente. Entretanto, ignorando o óbvio, ao invés de se aproximar da classe média conservadora de Salvador, ele pôs-se a achicalhar ACM Vô, e não teve o mínimo de desconfiômetro, insistindo nesta tese durante todas os debates do segundo turno, mesmo que claramente as pesquisas apontavam a cada dia um distanciamento cada vez mais inalcançável entre ele o vencedor.

Neto venceu? Não... Pelegrino é quem fez por onde perder. Não conseguiu observar que, mimetizar a estratégia de Lula em São Paulo - que colocou um candidato mais próximo à também conservadora classe média paulistana - era uma opção mais viável, que colocar o dedo em riste diante de sua cara, clamando: o carlismo voltará!

Conhecendo Salvador, como ele deveria conhecer, haveria de enteder que talvez, o eleitor soteropolitano procurasse justamente a tradição.