segunda-feira, 9 de maio de 2011

A AVALANCHE

A AVALANCHE
Os resultados das eleições de 2010 projetaram algumas possibilidades de mudanças na política pauloafonsina. Mário Negromonte projetou de forma surpreendente seu próprio filho como deputado estadual, depois da vitória tornou-se ministro das cidades no governo Dilma e tem como aliados fortes o vice-governador do Estado e o prefeito de Salvador. Sendo praticamente um “vice-rei” da Bahia (o governador Wagner é temporariamente o “rei”) está preparando um cerco à prefeitura de Paulo Afonso. Uma das peças-chave do tabuleiro ele já destronou: o ex-deputado Luis de Deus, que na inviabilidade de se reeleger deputado estadual lançou-se na aventura de uma candidatura a deputado federal. A aventura quase deu certo, mas com a derrota caiu a influência do ex-deputado. Mário agora mira a prefeitura. Derrubado Luis, falta derrubar Anilton.
Para muitos na cidade isso não só será inevitável como desejável. O provinciano típico parece ter o desejo de trocar de Senhor de vinte em vinte anos. Algumas pessoas chamam isso de “democracia”. Uma palavrinha que já sabemos servir para muitos propósitos: bombardear países, chacinar pobres e ganhar prefeituras são alguns deles. Mas Mário que se cuide, pois Luis de Deus tem uma carta na manga e ela se chama Paulo Rangel. Luis e Rangel passaram publicamente a negociar a ida do prefeito Anilton para a base aliada do governador Wagner e isso poderá fortalecê-lo. É bom lembrar que Luis ainda tem chances de assumir uma vaga como deputado federal, é bom lembrar que o “rei” Wagner tem medo de seu “vice-rei”, é bom lembrar que a máquina da prefeitura está com Anilton. Mário pode até conseguir, mas a batalha vai ser dura.
Luis de Deus e Paulo Rangel juntos. DEM e PT juntos. Isso seria irrealizável há dez ou quinze anos atrás, mas o DEM (antigo PFL) foi o partido que mais defendeu as privatizações e hoje conhece uma decadência merecida. É provável que um cadáver de quinze dias esteja em melhores condições que este partido. E o PT aceitou as regras da globalização neoliberal. Tornou-se um colosso político-administratico, mas do ponto de vista programático-ideológico virou um cadáver de dois dias. Tudo pronto para uma “bela amizade” em Paulo Afonso. Uma amizade temporária, as facas ficam guardadas para a próxima briga.
A avalanche preparada por Mário encontrará forte resistência, mas poderá dar certo. A grande carta de Mário é seu filho. Mário Júnior foi um dos deputados mais votados na Bahia. É bom não esquecer que a idéia de um político jovem em ascensão já comoveu esta cidade em uma época não muito remota. E já sabemos que a história costuma se repetir, às vezes como farsa, outras como tragédia, ópera-bufa, tolice, etc. As opções são muitas. O que já sabemos é que haverá um confronto em 2012. Mário versus Luis. As outras forças são secundárias e circulam entre estas principais. É possível uma terceira candidatura, mas já está eleita à inutilidade patética. Os embates já começaram na imprensa local e torcidas organizadas de ambos os lados se manifestam. Paulo Afonso trocará de dono? Ainda é cedo para responder.
Aristóteles Lima Santana, 05/04/2011.