sábado, 13 de dezembro de 2014

AS OPÇÕES DE DILMA E AÉCIO

AS OPÇÕES DE DILMA E AÉCIO
Terminou a eleição presidencial, um dos postulantes ao cargo ganhou e irá tomar posse, mas o clima de campanha teima em continuar. O fato da diferença entre Dilma e Aécio ter sido pequena deixou o candidato do PSDB (e alguns dos seus eleitores) inconformado. Depois de ter descartado aliar-se à extrema-direita, o próprio Aécio de forma provocativa fez um vídeo conclamando e apoiando uma marcha contra Dilma. Pouca gente apareceu e ele mesmo  preferiu ir à praia com a família. Este episódio patético é só uma demonstração de que o PSDB flerta com a irresponsabilidade. Com a bancada forte que elegeu este partido pode fazer uma oposição responsável no Congresso. Aécio saiu-se fortalecido como liderança do pleito. Ele não precisa fazer papel de palhaço (como fez neste episódio) para aparecer. A continuar assim seu nome sofrerá desgastes irrecuperáveis.
O governo Dilma virou à direita? Grande novidade. Todos os governos do PT viraram à direita na gestão econômica. O susto com as possíveis nomeações de Kátia Abreu e Joaquim Levy são encenações tolas. Gente pior ou igual a eles já estiveram governando ao lado de Lula. O PT está fazendo o que sempre fez: um governo medíocre que administra a crise a favor do grande capital enquanto distribui migalhas aos pobres. Nada de novo no front.
O caso dos escândalos da Petrobrás ainda toma conta do noticiário nacional. Uma pedra no sapato do governo. Mas os governos do PSDB também estão atolados com denúncias de corrupção. Ambos os partidos, PT e PSDB, estão sofrendo diariamente desgastes consideráveis (e merecidamente). A ideia de que a democracia brasileira vai dividir-se entre estes dois partidos eternamente é uma falácia. Existe um caminho aberto para o crescimento de outras opções. Aliás, muito se falou de uma onda conservadora nas eleições, mas o PSOL dobrou sua votação em nível nacional.
Muito tem se falado de um impeachment de Dilma. Isso é possível? Sim, mas pouco provável. O governo tem folga na Câmara e no Senado. Recentemente houve um golpe constitucional no Paraguai. Usando o Congresso, a direita conseguiu derrubar um presidente progressista lá. O exemplo paraguaio parece encantar uma parte da oposição. O governo que fique atento. Esta é uma opção que o PSDB não vai descartar tão cedo.
A opção de Dilma em virar à direita também deve ser entendida como uma forma de garantir apoio no Congresso. As bancadas conservadoras (ruralista, evangélica, etc) cresceram e ela terá de atender a estes setores para garantir a maioria. O PT, na verdade, foi derrotado no Congresso. O caso de Pernambuco é ilustrativo: nenhum federal do PT foi eleito. O PT perdeu dezoito vagas no Congresso para outros partidos. A nomeação da Kátia Abreu (que, entre outras vilanias, quer rever o conceito de trabalho escravo para favorecer seus amigos latifundiários) é para agradar a bancada ruralista. Antes tínhamos a ala desenvolvimentista do governo, a ala reformista, outra ala social-democrata, etc. Agora Kátia Abreu liderará a ala escravocrata do governo. Para quem acha isso péssimo vai um aviso: não vai parar por ai, outros vilões serão atendidos. Tudo em nome da governabilidade.

Aristóteles Lima Santana, 13/12/2014