quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

OS CONCURSADOS, O HOSPITAL E A POLÍTICA EM PA.

OS CONCURSADOS, O HOSPITAL E A POLÍTICA EM PA

Duas notícias abalaram a cidade de Paulo Afonso nos últimos dias: a primeira foi a vitória em segunda instância dos concursados contra a prefeitura municipal e, evidentemente, sobre os interesses do prefeito Anilton Bastos; a segunda foi a transferência do Hospital Nair Alves de Souza para o Estado da Bahia. A vitória dos concursados já era esperada. Toda a argumentação contrária não passa de falácia de quem quer fazer da prefeitura um cabide de empregos, os concursados estão bem amparados na legalidade do concurso. Apesar disso Anilton anunciou que vai recorrer na terceira instância. Será derrotado novamente mas entre esta e a próxima derrota não pretende chamar ninguém (embora no resultado do processo esteja claro que ele tem que convocar os concursados). Recorrer para quê tendo em vista uma derrota certa? Talvez para justificar aos seus seguidores que está tentando evitar o inevitável, para não perder mais votos, para tentar garantir apoios, para não prejudicar a campanha de Luis de Deus a deputado. Mas o tiro pode sair pela culatra. A próxima derrota inevitável (é raríssimo alguém perder na primeira e segunda instância e vencer na terceira, nesse caso impossível devido à absoluta legalidade do concurso) poderá gerar entre os seguidores de Luis de Deus um sentimento de revolta que poderá prejudicá-lo eleitoralmente na cidade. Frases como: “eles não se mobilizaram politicamente o suficiente para nos defender” ou “se não temos mais cargos na prefeitura para quê votar nele?” poderão ser ouvidas nos próximos meses. Como a popularidade de Anilton é zero entre os concursados ele terá 1800 pessoas com ódio dele e do seu chefe trabalhando na prefeitura. Bater de frente nos concursados foi pior. Eles poderão pagar caro por esse erro.
Fazendo uma comparação entre este mandato de Anilton e o anterior na década de 90 dá para perceber que ele deu muita sorte na primeira gestão, o que ajudou a construir o mito em torno dele como administrador competente. Ele recebeu a prefeitura de um aliado (Luis de Deus), que evidentemente não deixou para ele nenhuma “batata quente” política ou administrativa, e passou-a para um aliado (Paulo de Deus), que tratou de não expor o resultado de seus quatro anos de gastança. Desta vez ele recebeu a prefeitura de um adversário e em uma conjuntura estadual e nacional muito diferente. Os seus opositores não ficaram muito desestimulados com a derrota de Caíres e o movimento dos concursados desgastou-o consideravelmente. Na verdade ainda está na memória a vitória de Caíres em 2004. Foi a prova de que o grupo de Luis de Deus podia ser derrotado. Esta lembrança será um fantasma que irá acompanhá-los no mínimo até a próxima eleição para prefeito.
A passagem do hospital da CHESF para o Estado da Bahia foi uma saída melhor do que sua privatização. Daí a Cezar o que é de Cezar, Lula não eliminou o processo de desmonte do Estado federal iniciado por FHC, mas pelo menos diminuiu seu ritmo e procurou, neste caso ao menos, uma alternativa em que o órgão permanecesse público. Alguns políticos pauloafonsinos que hoje protestam contra esse processo são os mesmos que em passado recente apoiavam FHC e defendiam as privatizações irresponsáveis do seu governo, inclusive propondo a privatização do hospital da CHESF. Todos estão com medo porque conhecem a situação da saúde pública em toda a Bahia e no Brasil, mas isso só será resolvido com a reversão completa das políticas neoliberais. Ou seja, com a reversão das políticas que os “Democratas” (sic) defendem desde que usavam o nome de PFL.

Aristóteles Lima Santana.