quarta-feira, 14 de março de 2012

A GREVE DA PM NA BAHIA

A GREVE DA PM NA BAHIA

No início de fevereiro a Bahia foi surpreendida pela greve dos policiais militares. As notícias que nos chegaram sobre Salvador e região metropolitana foram de aumento da violência e do número de assassinatos. O carnaval de Salvador, uma fonte gorda de renda para a burguesia baiana, ficou ameaçado. Os policiais em greve chegaram a ocupar a Assembleia Legislativa da Bahia, onde ficaram sob cerco de tropas federais durante vários dias. Uma situação perigosa. Gravações secretas divulgadas pela mídia denunciaram que Prisco (um dos líderes) articulava ações violentas de grande impacto. Também ficamos sabendo de uma articulação nacional de greves militares para pressionar a aprovação de PEC 300, medida que elevará, caso aprovada, a média salarial dos servidores militares no Brasil.

Já se tornou comum relembrar que o governador Wagner em 2001, quando ainda deputado, apoiou a então greve da PM, assim como dava apoio às greves dos professores baianos. Sim, é uma grande contradição, mas não é a única e nem a maior. O governador criminalizou a greve dos policiais com o argumento das supostas ações de vandalismo, mas na última greve dos professores ele também ameaçou colocar na cadeia o senhor Rui Oliveira, presidente da APLB, sem que os professores em greve tenham esboçado um mínimo de violência na época. A criminalização dos movimentos sociais parece ser a tônica do governador, tanto faz se a greve é feita por policiais ou não.

O governador Wagner argumenta que o orçamento do Estado não suporta aumentos salariais consideráveis para os servidores públicos. Sabedor deste problema deveria então o governador criar políticas para aumentar a arrecadação do Estado e, assim, sanar as dívidas com servidores e investir mais na área social. Mas o que fez Wagner? Todos sabem que a fábrica da FORD instalou-se na Bahia no início da década passada com incentivos fiscais que comprometeram o orçamento do Estado. Tudo bem, este foi um erro de FHC e ACM, mas o que você não sabe é que em 2009 Wagner pressionou Lula para que estes incentivos, que terminariam em 2011, fossem prorrogados até 2015. E foi feito. A Bahia e o Brasil perdem três bilhões de impostos anuais para que a FORD mantenha dois mil empregados em Camaçari. Tal soma, se arrecadada pelo Estado, daria para não só aumentar a massa salarial dos servidores, como também aumentar investimentos na saúde e educação do Estado.

Alguns argumentam que a vinda da FORD com os incentivos fiscais foi boa, pois trouxe empregos e desenvolvimento. Pura falácia tola. Montadoras modernas de automóveis são robotizadas. Poucos trabalhadores, poucos empregos. As revendedoras ? Poucas contratações. O PIB baiano aumentou com a vinda da FORD, mas sem os impostos o Estado e o povo não ganham nada. O desemprego em Salvador e área metropolitana continuou alto mesmo depois da instalação da dita fábrica.

O problema com as reinvidicações dos servidores públicos é realmente orçamentário, mas Wagner não só não resolveu o problema, ele também piorou a situação. O que sobra é o Estado partir para a repressão sobre os trabalhadores. Aliás, Wagner já quer comprar outra briga, agora com os professores. É bom lembrar que a greve da PM é mais preocupante para ele do que uma na educação pública. Professores do Estado ensinam jovens pobres, já a falta de segurança atinge os ricos comerciantes que podem ser assaltados. Por isso a greve da PM durou menos tempo que a última greve dos professores.

Wagner e Lula, e antes deles FHC e ACM, facilitaram a vida financeira da FORD (segundo reportagem da ISTOÉ Dinheiro a fábrica da FORD na Bahia teria inclusive salvado a empresa da bancarrota) e prejudicaram a arrecadação do Estado. Será que fizeram isso “de graça”? Termino com este questionamento. Perguntar ou pensar sobre o assunto não ofende. Pensar é bom de vez em quando.

Aristóteles Lima Santana, 26/02/2012.

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