sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

2011 FOI BOM

2011 FOI UM ANO INTERESSANTE

Todos se lembram da famosa frase de Francis Fukuyama em 1991: “a história acabou”. Representava a euforia do império norte-americano perante a derrocada do império soviético. A história havia acabado porque não haveria mais alternativas ao capitalismo e à democracia burguesa. A tese de Fukuyama ganhou o mundo na década de 90. Foi discutida e combatida de forma apaixonada por todas as facções políticas no planeta. Convenceu inclusive setores da esquerda mundial. O debate provocado por ele aconteceu no mesmo momento em que aparece o tema da chamada “globalização”. Com o fim do império soviético as antigas províncias dele passariam finalmente a integrar a economia capitalista global. Uma vitória óbvia de um dos lados da guerra fria. Restou para vários setores da esquerda mundial a alternativa da adaptação paulatina ao novo mundo. O PT seguiu esse caminho. Aceitou a idéia de que a história havia acabado e passou a governar o país com um programa político que não era originalmente o seu.

Lembrei-me de uma frase que falei a um amigo do PT há vários anos: “a história não acabou, ela só está dando um tempo, daqui a pouco ela volta”. A tese de Fukuyama tem duas premissas falsas. A primeira é que ele reduz a história apenas ao combate entre socialismo e capitalismo. Esta contenda começou no século XIX e antes desta época já existia a história. A segunda premissa falsa era a de que o sistema soviético era uma real alternativa ao capitalismo. Várias correntes marxistas contestam isso. O sistema soviético poderia ser considerado uma das alternativas, mas não a única. Um sistema socialista com democracia e liberdade também poderia ser uma alternativa. Fukuyama trabalhou com a premissa que lhe interessava: o sistema autoritário soviético era “a” alternativa e ele perdeu. A história acabou. O departamento de Estado norte-americano, de quem Fukuyama é funcionário, adorou.

A “morte” das revoluções e do socialismo foi o grande lema derivado desta teoria. Fukuyama esqueceu-se (ou ignorou porque não lhe interessava) de que o capitalismo continuaria a ser um sistema econômico cheio de contradições. Esqueceu-se que com a globalização as crises derivadas destas contradições tenderiam a serem globais. E que as rebeliões também tenderiam a serem globais.

A crise econômica de 2008 é a grande predecessora da rebelião global de 2011. Uma crise global que gerou uma rebelião global. Um tapa na cara de quem aceitou de forma acrítica as teses de Fukuyama. Pode-se argumentar que as massas que estão indo às ruas no mundo inteiro não estão reivindicando o socialismo. Isso é verdade, por enquanto. Mas a contestação de uma alternativa social (no caso o capitalismo) precisa de uma proposta de outra alternativa social. O socialismo com democracia e liberdade é uma delas.

Mao Tse-tung disse certa vez que “uma pequena fagulha pode incendiar toda a pradaria”. O suicídio de um pobre rapaz na Tunísia foi esta fagulha que já provocou a derrubada de vários governos. Trotsky já havia dito que a “revolução é o excesso da história”. O que vemos pela TV e internet é uma história pulsante, vibrante e mais viva do que nunca. Sinto muito por quem acreditou em Fukuyama. 2011 foi um ano bom, mas para mim ele é apenas o aperitivo antes de 2012. Ao contrário daquele filme imbecil que fala do fim do mundo com base em lendas maias, o que poderemos ver talvez seja o nascimento de um mundo novo. Que venham mais rebeliões, assim teremos um feliz 2012.

Aristóteles Lima Santana, 12/12/2011.

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