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por luisnassif, dom, 10/06/2012 - 08:00
Coluna Econômica - 10/06/2012
Periodicamente
são divulgados índices de competitividade da economia brasileira, em geral em
má colocação. Um deles é do Fórum Econômico Mundial; o outro, do World
Competitive Scoreboard do Instituto Internacional de Desenvolvimento da Gestão.
Ambos são sediados em Genebra e com enorme poder de marketing: seus resultados têm
repercussão mundial.
Ambos são
baseados em critérios desenvolvidos por Michael Porter, o notável economista
norte-americano que, nos anos 80, lançou as bases dos estudos sobre
competitividade entre países.
Ambos os
índices s baseiam na metodologia do diamante de Porter: levam em consideração
fatores físicos, condição de fatores, de demanda e indústrias relacionadas.
Não há
diferenciação entre países. Em países autoritários, por exemplo, é muito menor
a liberdade para empresários ou advogados externarem suas críticas ao país e
governantes. Assim é difícil colocar na mesma métrica países como Brasil,
Alemanha, Suécia, Singapura, Emirados Árabes etc.
Além
disso, as avaliações são estáticas, colhidas em curto espaço de tempo. Não há
intertemporalidade, não levando em conta nem dados passados, nem futuros, nem
incrementais.
Por
exemplo, uma economia com melhores significativas teria que ter peso relevante.
Mas não existe ponderação em relação a isso.
No Fórum,
há ponderações diferenciadas para alguns fatores. No caso de países menos
desenvolvidos, leva-se em conta mão de obra, recursos naturais. Mas na essência
são muito parecidos. Não consideram distribuição de renda, inclusão social,
sustentabilidade, consumo de energia, qualidade dos recursos naturais, sequer os
passivos ambientais.
No último
trabalho do IND, na semana passada, o Brasil caiu 2 posições em relação a 2011:
de44 para 46a . China caiu de 19 para 23o, Índia de 32
para 35o , África do Sul em 52o para 50o
indicando uma volatilidade excessiva.
Outro ponto
que chama a atenção é países como Kwait, Qatar, Emirados Árabes sempre na
frente do Brasil, mesmo tendo uma economia restrita, ser dependente do
petróleo, não dispor de proteção trabalhista. Os índices não levam em conta a
questão da inovação, dos avanços tecnológicos
Desde
2009, a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), mais um
conjunto de 35 países, decidiram participar da Federação Global dos Conselhos
de Competitividade (Global Federation of Competitiveness Councils – GFCC; www.thegfcc.org). Essa organização congrega
“conselhos de competitividade” de países. Conta com 15 países membro integrar e
35 participantes de sua rede total.
A
primeira reunião da GFCC foi em Washington; a segunda em Porto Alegre, em
novembro do ano passado, com a participação de representantes de 15 países.
O
primeiro desafio da GFCC foi construir um novo conjunto de métricas de
competitividade que refletissem as diferenças e potencialidade dos países, suas
agendas de crescimento e desenvolvimento.
A GFCC
decidiu discutir novas métricas, ampliando os conceitos de Porter.
A
primeira proposta foi do Conselho Presidencial da Competitividade Nacional, da
Coréia do Sul, desenvolvida por professores da Seoul Universitiy, que fundaram
e coordenam o Industrial Policy Research institute (IPS).
Os novos fundamentos
De sua
parte, a ABDI analisou o índice para o Brasil e apresentou um diagnóstico que
foi debatido com os pesquisadores coreanos em Seul durante uma semana, no final
de outubro de 2011. Em seguida, os diferentes conselhos apresentaram seus
trabalhos na reunião de Porto Alegre. A decisão final foi, em vez de um único
índice, desenvolver um painel de métricas (scoreboard), ampliando os conceitos
do “diamante”, de Porter.
A razão das mudanças
Essa
escolha se deve aos seguintes aspectos. 1) A construção de um índice tem
problemas metodológicos intrínsecos. Por exemplo: como compatibilizar em um
mesmo número taxa de alfabetização e crescimento do PIB per capita?
2) É difícil capturar em um único índice as realidades dos diferentes
países participantes. Por exemplo: há como comparar diretamente os EAU e a
Rússia?
Porque scoreboard
O painel
de indicadores permitirá que países com características distintas (e
estratégias de desenvolvimento distintas) possam melhor comparar seu desempenho
com outras nações. A ABDI trabalhará no desenvolvimento da metodologia
conceitual do painel junto com o MBC. Será montado um grupo de governança para
a condução dos trabalhos. O mesmo está ocorrendo com os temas levantados na
reunião de Dublin.
A corrida para o topo
Muitas
vezes a ideia da competitividade está associada à precarização da qualidade de
vida e do trabalho. A ideia central do novo modelo será, ao invés de procurar
economias de custos mais baixos, buscar a construção de economias e países mais
prósperos. Em vez de uma “corrida para custos mais baixos”, “uma corrida para o
topo”, segundo o executivo do conselho de competitividade da Irlanda.
A reunião de Seul
Em 24 de
maio passado, finalmente, uma reunião técnica na Irlanda ajudou a afinar as
métricas de competitividade da GFCC. Pela ABDI, foram o Chefe de Gabinete
(Otavio Camargo), o Gerente de Assuntos Internacionais (Roberto Alvarez) e um
professor da USP (Mario Salerno).
A ABDI
propôs analisar os países de acordo com oito dimensões, cada qual medida por um
conjunto de métricas.
As métricas
São as
seguintes métricas: 1. Desempenho geral; 2. Complexidade econômica; 3.
Infraestrutura; 4. Recursos humanos (talento); 5. Capital (financiamento); 6.
Inovação; 7. Qualidade de vida; 5. Crescimento futuro.
Discutiram-se
também princípios que deverão pautar as análises: Considerar indicadores
estáticos e dinâmicos; indicadores ex-ante e ex-post; Indicadores
da economia como um todo e micro; ênfase em dados duros (hard data); Segmentar
os países conforme tamanho.
Fonte :
Blog do Nassif.
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