REDES SOCIAIS: INTERAÇÃO OU REPRODUÇÃO?
A s redes sociais estão na moda. Orkut, Twitter, Facebook e
outras menos conhecidas. Elas se tornaram a febre dos últimos anos na internet.
Ao se conectar em uma delas você também se interliga com uma rede de amigos. A
depender do seu nível de socialização você poderá ter mais ou menos amigos conectados e não necessariamente
poderá conhecer todos eles. As redes sociais em tese realizam a possibilidade
de um aumento gradativo de contato e integração com outros. Trocas de mensagens
e até negócios podem ser feitos por elas.
Mas nem tudo é tão lindo e maravilhoso neste adimirável
mundo novo. Este contato via tela de computador não estará na verdade minando
nossa capacidade de contato real com o próximo? Qual a vantagem de se ter mil
pessoas associadas ao seu perfil do Facebook se apenas vinte delas cumprimentam
você na rua? As redes sociais aumentaram o tempo que um indivíduo passa na
internet. O que você poderia estar fazendo se não estivesse na frente do
computador? São apenas algumas perguntas possíveis nesse debate, mas não
podemos reduzir o problema a elas.
Tanto no Twitter como no Facebook existem ferramentas de
reprodução de informação. No Twitter chama-se Retwittar e no Facebook o nome é
Compartilhar. A reprodução de informações é uma das pragas das redes sociais.
Há alguns meses atrás o humorista Rafinha Bastos foi considerado por uma
entidade que não lembro mais o nome como a personalidade mais influente do
planeta. Qual o critério? Simples, ele era o sujeito mais Retwittado do mundo,
ou seja, as informações que ele colocava no Twitter eram reproduzidas aos
milhares por seus seguidores. Isso, na opinião desta entidade, era o suficiente
para fazê-lo mais influente que banqueiros, magnatas da imprensa, os donos da
Rede Globo e até do presidente da maior potência econômica e militar do
planeta. Com tanta “influência” fica difícil entender o bota fora que Rafinha
Bastos sofreu por parte da Rede Bandeirantes de TV...
A reprodução automática de informações nas redes sociais
leva muitas vezes a situações engraçadas ou perigosas. Já se tornou comum e
motivo de piadas (e motivo de indignação dos verdadeiros fãs) a reprodução de
frases falsas (ou retiradas arbitrariamente de seu contexto) atribuidas a
Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu, escritores brasileiros já falecidos.
Até ai nada demais, mas fotos com pessoas sendo acusadas de crimes foram
colocadas e reproduzidas por milhares de pessoas na internet. Eram criminosos
mesmo? Estavam realmente sendo procurados pela polícia? Ou eram cidadãos comuns
vítimas de calúnias no Facebook? Você já pensou em encontrar uma foto sua em
uma rede social sendo apontado como estuprador ou assassino? Pense bem antes de
“Compartilhar” qualquer informação.
Nas redes sociais há uma grande dificuldade para o debate.
Claro que todas elas estabelecem ferramentas de comentários, mas a mentalidade
da maioria das pesoas que está lá tem extrema dificuldade em aceitar e
enfrentar críticas. Como há uma maior tendência para a reprodução acrítica, os
comentários críticos não são, em sua maioria, bem aceitos. A maior parte destas
pessoas vive em um mundo fantasioso onde tudo é lindo, maravilhoso e todo mundo
tende a concordar (e reproduzir) com tudo que elas postarem.
Fotos falsas, mensagens falsas ou tolas, a reprodução delas
é a grande tônica das redes sociais neste país em que o hábito de leitura
desapareceu até das classes mais altas.
Não sou um inimigo das redes sociais. Também estou nelas. Mas o fato de estar em um lugar ou participar
de um processo não deve eliminar nosso senso crítico. A crítica, e não a
reprodução automática, é a prova de que ainda temos aquilo que se chama
inteligência.
Aristóteles Lima Santana.
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