LULA: POPULISMO E POPULARIDADE
Lula e Dilma possuem alto nível de aprovação popular. A
própria vitória de Dilma para presidente na última eleição indica que qualquer
quadro com apoio de Lula tem boas chances de vitória eleitoral no Brasil. A
vitória de uma candidata que não tem histórico de liderança de massa atesta
muito bem o poderio eleitoral de seu “padrinho”. O fenômeno mais impressionante
foi, no entanto, a reeleição de Lula em
2006, tendo em conta a supercampanha que ele sofreu em 2005 com o caso
do “mensalão”. Recentemente o julgamento do caso do mensalão feito pelo STF foi
aproveitado pela oposição para tentar abalar a popularidade de Lula e Dilma,
além de tentar causar um prejuízo eleitoral ao PT. O resultado não foi positivo
para a oposição e o PSDB ainda perdeu a prefeitura de São Paulo para Haddad.
Qual a explicação para a popularidade de Lula?
A resposta mais óbvia é que o sistema de ajuda social (bolsa
escola, bolsa família, etc.) sustente esta popularidade. A elite brasileira é
uma das mais perversas do planeta. É óbvio que quando um governo resolvesse
investir na área social ele seria reconhecido e admirado pelo povo. A elite
brasileira pode até reclamar, mas foi a perversidade dela (a mesma que degolou
os sobreviventes de Canudos e torturou e matou durante a ditadura) que preparou
o terreno para este fenômeno do lulismo.
Lula também é fruto de uma tendência latino-americana que
começou no início do século XXI: a série de vitórias de lideranças de
centro-esquerda que chegaram na presiidência de países latino-americanos, a
começar por Hugo Chaves, passando por Evo Morales, os Kirshner, etc. A América
Latina viveu nas décadas de 60 e 70 mergulhada nas ditaduras militares, passou
pela reestruturação neoliberal nos anos 80 e 90 e agora conhece um ressurgir do
populismo de centro-esquerda.
Lula é chamado de populista pela mídia oposicionista, mas o
que é o populismo? Ele é um fenômeno político que consiste no fato de que uma
liderança carismática consegue arregimentar para si um grande apoio popular. A
política do populista é estabelecer um pacto entre a classe alta e a classe
baixa. Os pobres ganham algumas “migalhas” sociais e os ricos continuam com
seus privilégios. O populismo aparece como um “amortecedor” da luta de classes.
A onda neoliberal da década de 90 causou
aumento de desemprego e desestruturação social na América Latina, foi isso que
provocou nas massas latinoamericanas o desejo de procurar uma alternativa, e
ela surge no crescimento de lideranças populares de centro-esquerda. Lula e o
PT capitalizaram isso no Brasil.
Diminuir o sofrimento social sem mudar a estrutura da
sociedade é o que faz este novo populismo lulista. Ele recebe apoio popular
porque para as massas a alternativa seria voltar o PSDB e o desemprego em
massa. Para a maioria do povo o fato do governo Lula ter tido corrupção,
representada pelo caso do mensalão, não significa muita coisa. A assistência
social serve como amortecedor para os escândalos.
Mas se a estrutura social fica intocada e os privilégios da
elite não são seriamente ameaçados, então por que esta elite se manifesta
contra Lula? É simples, o populismo dá migalhas aos pobres, a nossa elite é tão
perversa que nem isso ela quer ceder. O populismo é um “acordo” social entre o
povo e os ricos. A elite brasileira não quer saber de acordos com o povo. O PT
está se propondo a fazer um pacto social sem que um dos lados queira pacto
nenhum...
O lulismo não ataca os grandes problemas do Brasil. A
decadência da saúde e da escola pública, a concentração de renda (os pobres até
ganham algumas migalhas, mas sob Lula os bancos e ricos em geral acumularam
muito mais capital), a concentração fundiária, etc. Passaremos por Lula e Dilma
sem uma poderosa reforma social que projete um Brasil diferente no futuro. Este
será o seu maior legado para a história.
Aristóteles Lima Santana, 22/01/2013.
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